“Acho crucial a gente aumentar a pluralidade nos meios de comunicação. Nós entramos na Globo em uma época em que a gente tinha uma margem de autonomia como jornalistas bastante razoável. A gente tem que ter em mente que a imprensa, qualquer empresa de comunicação, é um negócio que tem um dono, a gente não pode ter a ilusão de que vamos chegar em uma empresa jornalística e fazer o jornalismo que a gente quer fazer. Não, a gente se adapta à empresa, mas é nossa obrigação ética forçar os limites, sempre na direção daquilo que a gente acha correto”, afirmou.
“Quando eu entrei na Globo havia uma margem de autonomia muito grande para o trabalho do repórter, dos editores e tudo mais. Essa margem veio se perdendo até a gente chegar hoje. Outro dia alguém me perguntou sobre a GloboNews, o que eu achava, e eu falei, com todo o respeito a queridíssimos amigos que trabalham lá e competentes jornalistas que trabalham lá, eu deixei de assistir a GloboNews porque a GloboNews só tem uma voz, ela não tem dissonância, ela não tem pluralidade. A gente precisa recuperar esse espaço de pluralidade, é mandatório para a imprensa brasileira. Se ela não perceber isso é um tiro no pé”, completou.
Sobre seu artigo na Folha de S.Paulo que gerou enorme repercussão recentemente, intitulado de “Lula não pode ser ‘cancelado’”, a jornalista contou que não esperava tantos comentários relacionados ao texto e afirmou que percebeu um sintoma da anormalidade brasileira com a história. Para Cristina, se o Brasil vivesse em condições normais de democracia, a presença de Lula em debate públicos seria uma constante.
“Se a gente estivesse vivendo em um país normal, sem essa distopia em que a gente está vivendo, o artigo passaria talvez em brancas nuvens. Eu falei uma coisa que eu considero óbvia: para um debate democrático, para um País que a gente ainda considera que tem instituições democráticas, você não pode silenciar um líder da oposição. Há que se reconhecer a relevância que o Lula tem no cenário político nacional”.